“Despedi do meu marido e pedi para ele cuidar da nossa filha, pois tinha certeza de que não ia voltar”
VILHENA – A história de superação de Márcia Cardoso Alvesi, de 29 anos, teve início no dia 29 de junho deste ano quando, grávida já no nono mês da gestação, começou a apresentar os sintomas da covid-19. Com uma gestação considerada de risco, Márcia viu sua situação se agravar em poucos dias, até que, após três dias sendo medicada e tendo realizado três testes, dois com resultados positivos, foi internada e ficou no balão de oxigênio. Com seu quadro se agravava, uma junta médica se reuniu e decidiu fazer uma cesariana de emergência para a retirada de sua filha, que foi direto para uma incubadora, onde permaneceu por mais de 10 dias.
Com apenas 18 horas após o parto, Márcia pediu aos médicos do Hospital Regional de Vilhena para ser entubada, pois não aguentava mais a falta de ar, e daí em diante, travou uma luta com a morte, mesmo inconscientemente, pois seu quadro só se agravava e o esposo, José Borges Moreira, que vivia o drama de perto, ao receber os boletins diários, ouviu dos médicos que só um milagre poderia salvar sua companheira.
“Quando fiz a tomografia dos pulmões da minha esposa e a médica me mostrou uma pequena parte preta, fiquei feliz, imaginando que aquela era a área comprometida, porém, ela me informou que aquele pedaço era a única que mantinha ela viva”, relatou José.
Assista ao vídeo de Márcia reencontrando a filha
Com a esposa sobrevivendo com apenas 10% da capacidade pulmonar e longe da filha, que ao sair do hospital precisou ser levada para uma cidade vizinha, onde foi cuidada por familiares para que o pai pudesse assistir Márcia, José, que afirmou ter passado vários dias sem comer, só pensando na possibilidade de perder a companheira, se diz muito grato ao atendimento que recebeu dos médicos e da direção do Hospital Regional “Nunca sequer nos deixaram sem as corretas informações sobre o quadro clínico da minha mulher”, disse.
Já desolado, José foi instruído pelos médicos a comunicar os familiares sobre a possibilidade da morte de Márcia acontecer a qualquer momento, e assim o fez, porém, um fio de esperança surgiu, ao ser informado que a esposa havia reagido à troca dos medicamentos.
“Quando me acordaram foi horrível, pois ainda estava entubada e me sentia sufocada, mas o médico se sentou do meu lado e conversou muito comigo. Até foto da minha filha eles me mostraram pelo celular deles para eu saber que não estava sozinha”, afirmou Márcia.
Muito inchada e sem forças para levantar o peso dos próprios braços, após quase 12 dias entubada, Márcia foi transferida para um quarto da enfermaria, onde se recuperou rapidamente, e no dia 25 de julho, enfim recebeu alta e pode conhecer a filha.
“Quando segurei minha filha nos braços foi mágico, mas ao mesmo tempo estranho, pois me assustei com o tamanho dela”, relatou Márcia.
Com o nome em correntes de orações até no Estado da Bahia, Márcia e José não têm a menor dúvida de que sua vida foi poupada por um milagre.
“Somos muito gratos a todos que oraram por mim, pois antes de ser internada, eu me despedi do meu pai, e quando entrei para a sala de cirurgia, fiz o mesmo com meu marido e pedi para ele cuidar da nossa filha, pois tinha certeza de que não ia voltar”, reiterou a mulher, que ainda não se recuperou totalmente do trauma vivido. Ela afirma que sente dores de cabeça e fraqueza nas pernas e braços, e não pode amamentar a filha.
FONTE:EXpressãorondonia.