O ex-ministro deixa mulher, seis filhos e cinco netos.
Ele era advogado, empresário e político. Também foi vice-presidente nacional do MDB e vice-presidente da Fundação Ulysses Guimarães.
Segundo nota da assessoria de imprensa do ex-ministro, o velório ocorrerá na quarta-feira, 15, a partir das 10 horas no Palácio Piratini, sede do governo gaúcho, e será aberto ao público. Depois das 17 horas, o corpo será levado ao Angelus Memorial e Crematório para uma cerimônia restrita aos parentes.
Nascido em Canela (RS), em 1945, Padilha formou-se em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), filiou-se ao MDB em 1966, nos primeiros anos da ditadura militar, e tornou-se prefeito do município de Tramandaí, no litoral norte gaúcho, no ano de 1989 – depois da abertura democrática.
Após completar seu mandato na prefeitura, Padilha migrou para o Congresso, ocupando uma cadeira de deputado federal eleito pelo Rio Grande do Sul ininterruptamente por 16 anos, entre 1995 e 2011, e depois por mais dois anos, entre 2013 e janeiro de 2015. Ainda em 1997, assumiu o Ministério dos Transportes no governo FHC. Manteve-se no cargo até 2001.
O político voltou ao governo federal por mais um ano como ministro da Secretaria de Aviação Civil em 2015, na gestão Dilma. Em 2016, depois do impeachment da petista, assumiu a Casa Civil de Temer.
Ele ainda ocupou interinamente o cargo de ministro do Trabalho por um breve período em 2018, acumulando o comando dos dois ministérios.
Reações
Políticos e autoridades se manifestaram na noite da segunda-feira. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), prestou solidariedade a “família e amigos neste momento de tristeza”. “Recebo com pesar a notícia da morte de Eliseu Padilha, líder habilidoso e dedicado ao Rio Grande do Sul e ao Brasil, que serviu como ministro de três presidentes da República”, escreveu o tucano no Twitter.
O vice-governador do Estado, Gabriel Souza (MDB), descreveu Padilha como “emedebista raiz e político nato”. “Seu legado como prefeito de Tramandaí, deputado federal, ministro de Estado de três diferentes governos e dirigente partidário é gigante”, afirmou, também no Twitter.
O atual presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Alceu Moreira, afirmou que Padilha “sempre se destacou por onde passou”, seja como ministro, deputado ou à frente da instituição. “Meus sinceros sentimentos à família”, escreveu, na mesma rede social.
A morte também foi lamentada pelo presidente do Cidadania, Roberto Freire, e pelo ex-ministro de Minas e Energia do governo Michel Temer Fernando Filho (União Brasil). “Um dos mais articulados políticos do nosso país, Eliseu foi um homem público que sempre lutou e trabalhou em benefício do povo brasileiro”, escreveu o ex-ministro.
MBD
No Movimento Democrático Brasileiro, o MDB, atuou como vice-presidente do partido em Canela, de 1966 a 1967. Após a extinção do bipartidarismo, em novembro em 1979, o sucessor do MDB foi o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), em que Padilha se filiou em 1986. Depois de quatro anos, tornou-se membro do Diretório Estadual do partido no Rio Grande do Sul. Em 1993, foi eleito para a executiva estadual do partido, onde ficou por um ano.
Enquanto esteve no Congresso, Padilha também atuou como vice-líder do PMDB e do governo FHC entre os anos de 1995 a 1998. Foi nesse período que o ex-ministro desempenhou papel ativo e importante na aprovação da emenda que previa a possibilidade de reeleição para os ocupantes do Executivos (presidente da República, governadores e prefeitos). Padilha também foi vice-líder do MDB na Câmara dos Deputados em 2011, durante o primeiro mandato de Dilma.
Acusações
Em setembro de 2016, enquanto ocupava a Casa Civil do governo Temer, Padilha foi acusado pelo ex-chefe da Advocacia-Geral da União, Fábio Medina Osório, de ter criado obstáculos a ações de aprofundamento das investigações da Operação Lava Jato. Em dezembro do mesmo ano, acabou envolvido na delação premiada do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho, em que o acusou de ser o responsável por distribuir R$ 4 milhões da Odebrecht para a campanha de Temer.
Essa delação premiada funcionou, em 2017, como material para a Procuradoria-Geral da República denunciar Padilha por envolvimento em corrupção, com outros nomes do partido, como o então presidente Michel Temer. A denúncia defendia a existência de uma suposta organização criminosa liderada por Temer e composta por correligionários com atuação em diversos órgãos públicos – Petrobras, Furnas, Caixa Econômica, Ministério da Integração Nacional e Câmara dos Deputados – em troca de propinas de mais de R$ 587 milhões.
O esquema ficou conhecido como “Quadrilhão do MDB”. Em sua defesa, Padilha afirmou que a denúncia era “inepta” e “não ultrapassava as raias de um discurso político”.
O processo correu até 2021, quando a Justiça Federal de Brasília decidiu absolver o grupo. Na avaliação do juiz Marcus Vinícius Reis Bastos, não haveria provas de associação entre os políticos que corroborem a narrativa construída pela acusação e que a denúncia seria uma tentativa de “criminalização da política”.
O Ministério Público Federal (MPF) entrou com recurso contra a decisão, mas, nesta quarta-feira, 8, o Tribunal Regional Federal da 1.ª Região (TRF-1) manteve a absolvição do grupo. Os integrantes da 3.ª Turma da Corte regional entenderam que não há provas de associação entre os políticos que corroborem a narrativa construída pela acusação.
O ex-ministro Padilha também foi denunciado pelo MPF em outros casos, como por ter mantido funcionária “fantasma” em seu gabinete quando era deputado federal e por suposta atuação de empresas dele na obtenção e manutenção do Certificado de Entidade Assistencial (Cebas) pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra). Ele foi absolvido desta última acusação pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4), em julho de 2017
Fonte Notíciasaominuto