Relatório também revela que quatro unidades de conservação de Rondônia estão entre as 10 mais desmatadas da Amazônia Legal. Estado perdeu 2,2 mil hectares de floresta nativa em março de 2023
PORTO VELHO – É muita retórica. Entra governo, saí governo, muda-se o discurso e as intenções, mas uma coisa parece permanente desde os anos 1970 nestas paragens: o avanço do desmatamento sobre a floresta. É um fenômeno que não tem ideologia nem cor partidária. Estudos do Instituto do Homem do Meio Ambiente mostra que o avanço de homens, máquinas e fogo continua suas ações cotidianas e em ritmo cada vez mais acelerado. E não poupa nem as chamadas unidades de conservação, áreas oficialmente delimitadas para reservar um pouco do que ainda nos resta do verde às gerações futuras.
Rondônia perdeu uma área equivalente a 2,2 mil hectares de floresta nativa em março de 2023. O desmatamento é 450% maior do que a quantidade registrada no mesmo período do último ano, segundo dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
Entre os nove estados da Amazônia Legal, Rondônia teve o segundo maior aumento na destruição da floresta, atrás somente do Amazonas, onde o desmatamento calculado foi 766% maior.
Unidades de Conservação
Outro dado negativo no estado é com relação às Unidades de Conservação: dentre as 10 mais desmatadas de toda Amazônia Legal, quatro estão localizadas em Rondônia.
No total, as Unidades de Conservação do estado perderam uma área correspondente a 370 campos de futebol. São elas:
- Reserva Extrativista Jaci Paraná: com 200 hectares destruídos;
- Reserva Extrativista Rio Preto-Jacundá: com 100 hectares destruídos;
- Parque Estadual de Guajará-Mirim: perdeu 40 hectares de floresta;
- Reserva Extrativista Angelim: perdeu 30 hectares de floresta.
Tanto a Resex Jaci Paraná, quanto o Parque Estadual Guajará-Mirim passaram por uma tentativa de redução dos seus territórios.
Em 2021, uma lei de autoria do governo de Rondônia, que estabelecia a redução de 80% da Resex e 22% do Parque Estadual, foi aprovada na Assembleia Legislativa de Rondônia (ALE-RO). A norma foi declarada inconstitucional em novembro de 2021.
Em fevereiro deste ano, a ALE-RO informou que ingressou com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar derrubar a inconstitucionalidade da lei que alterou os limites das Unidades de Conservação.
Desmatamento na Amazônia Legal
Segundo os dados do Imazon, a Amazônia Legal perdeu 867 km² de mata nativa nos três primeiros meses de 2023. Essa é a segunda maior marca de desmatamento da área em 16 anos. A primeira foi registrada em 2021, quando foram derrubados 1.185 km² de floresta de janeiro a março.
Apenas em março de 2023, a destruição foi de 344 km²: um aumento de 180% com relação ao mesmo período de 2022. Os estados mais desmatados – por ordem do maior para menor – são:
- Amazonas: 30%
- Pará: 27%
- Mato Grosso: 25%
- Roraima: 8%
- Rondônia: 6%
- Maranhão: 3%
- Acre: 1%