Visto como inconstitucional, projeto passou pelo primeiro de três colegiados nesta terça-feira, com 12 votos a favor e cinco contráriosA Comissão de Previdência e Assistência Social da Câmara aprovou nesta terça-feira, por 12 votos a 5, um projeto de lei que proíbe o casamento homoafetivo, contrariando decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de 2011, que reconheceu a união entre casais do mesmo sexo como entidade familiar. A iniciativa, no entanto, não deve conseguir apoio para ir ao plenário da Casa, uma vez que ainda precisa passar pela Comissão de Direitos Humanos e pela Comissão de Constituição e Justiça. Os dois colegiados, além de serem presididos pelo PT, que se posicionou contrário ao texto, não têm a mesma predominância de bolsonaristas, que votaram em peso na de Previdência.
Para virar lei, o texto precisa, além de passar pelas comissões, serem aprovados pelos plenários da Câmara e Senado. A legislação poderia ainda ser barrada pelo Supremo, já que a Corte se pronunciou sobre o tema ao tratar de questão constitucional, há 12 anos. — É absolutamente inconstitucional. Esse projeto não tem a menor chance de prevalecer no Supremo. Não é um projeto de lei vocacionado efetivamente em se converter em lei. O Supremo já discutiu esse assunto, já entendeu que a uniões homoafetivas se equiparam às uniões heteroafetivas — afirma Claudio Pereira de Souza Neto, advogado constitucionalista e professor da UFF. Camilo Onoda Caldas, advogado constitucionalista, também considera o texto “flagrantemente inconstitucional” e ressalta que a medida vai gerar “insegurança jurídica em relação aos direitos da família”. O projeto original é de autoria do ex-deputado Clodovil Hernandez (PTC-SP) e regulamentava o casamento de pessoas do mesmo sexo, mas o relator, deputado Pastor Eurico (PL-PE), foi na direção contrária. O texto apresentado por ele ontem determina que a Justiça interprete casamento e união estável de forma estrita. Eurico e o presidente da comissão, Fernando Rodolfo (PP-PE), atuaram para viabilizar a aprovação do relatório, medida que provocou insatisfação entre deputados da base, que repudiaram a votação. – Esse novo relatório, no qual a palavra “homossexualismo” é usada três vezes, associando-a ao termo “doença”, usado cinco vezes, intensifica ataques contra as pessoas LGBTQIA+. Até os filhos de casais homoafetivos são atacados nesse relatório — disse a deputada Erika Hilton (PSOL-SP). Na avaliação da ala governista, o presidente da comissão, Fernando Rodolfo, descumpriu acordo feito ao tentar votar o texto antes da criação de um grupo de trabalho sobre o tema. Deputados governistas desejavam que fossem realizadas audiências públicas antes que o relatório fosse votado. Fonte: O Globo |