Da Redação — O presidente Volodymyr Zelensky afirmou nesta quinta-feira (20) que está disposto a trabalhar com os Estados Unidos na elaboração de um novo plano para tentar encerrar a guerra entre Ucrânia e Rússia. A declaração foi feita após uma reunião com um alto oficial do Exército americano. Zelensky disse ainda que espera conversar com Donald Trump nos próximos dias para tratar diretamente do assunto.
O movimento acontece enquanto países europeus demonstram preocupação com a proposta em discussão. Segundo fontes citadas pela imprensa internacional, o plano exigiria que a Ucrânia cedesse território à Rússia e reduzisse parte de seu armamento, pontos que são vistos como concessões inaceitáveis por governos europeus e que, na prática, representariam uma derrota para Kiev.
Zelensky, no entanto, preferiu focar no diálogo. “Nossas equipes — da Ucrânia e dos EUA — trabalharão nos detalhes do plano para pôr fim à guerra”, escreveu no Telegram. “Estamos prontos para um trabalho construtivo, honesto e rápido.” O gabinete presidencial não comentou o conteúdo do documento citado — que, até a última atualização, não havia sido divulgado —, mas afirmou que o líder ucraniano apresentou ao lado americano os princípios que considera essenciais para o povo ucraniano.
O presidente disse estar preparado para seguir dialogando com os EUA, parceiros europeus e demais aliados internacionais. Nos próximos dias, espera discutir com Trump as alternativas diplomáticas disponíveis e os pontos considerados indispensáveis para alcançar um acordo.
A Casa Branca confirmou que representantes do governo Trump se reuniram recentemente com autoridades ucranianas. Segundo a porta-voz Karoline Leavitt, participaram das discussões o secretário de Estado, Marco Rubio, e o enviado especial Steve Witkoff. Ela afirmou que Washington tem mantido “boas conversas” com os dois lados sobre formas de encerrar o conflito.
A movimentação diplomática ocorre em um momento delicado para Kiev. Tropas ucranianas enfrentam dificuldades no campo de batalha, e o governo Zelensky tenta conter uma crise política interna agravada por denúncias de corrupção. Na quarta-feira, o Parlamento ucraniano demitiu dois ministros.
Reação de Moscou
O Kremlin tratou a iniciativa com ceticismo. O porta-voz Dmitry Peskov afirmou que não vê “consultas reais” em andamento e que a Rússia mantém a mesma posição apresentada por Vladimir Putin durante uma cúpula com Trump em agosto. Segundo ele, qualquer acordo de paz deve abordar “as causas profundas do conflito”.
Enquanto o inverno se aproxima, a guerra se aproxima de completar quatro anos. Tropas russas seguem controlando quase um quinto do território ucraniano e avançam lentamente para o oeste, atingindo infraestrutura energética e cidades conforme o frio aumenta.
Moscou também informou que Putin visitou o posto de comando do Grupo Ocidental das Forças russas, onde se reuniu com o chefe do Estado-Maior, Valery Gerasimov, e outros oficiais. Gerasimov afirmou que as tropas russas assumiram o controle de Kupiansk, cidade considerada estratégica. A Reuters, no entanto, pontuou que não conseguiu verificar a informação de forma independente.


