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Obesidade Hospital de Base programa quatro cirurgias bariátricas semanais em Porto Velho para reduzir fila até 2018

Obesidade Hospital de Base programa quatro cirurgias bariátricas semanais em Porto Velho para reduzir fila até 2018

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Lidiane, Fabiana e Elizabete relatam situações e sentimentos antes da reunião com a psicóloga Rose Britto, no Hospital de Base

Desequilíbrio da coluna e pressão alta levaram a comerciante Elizabete Colombo, 51 anos, a arrendar sua lanchonete no Setor 5 em Ariquemes, a 200 quilômetros de Porto Velho. Viúva, mãe de dois filhos, pesando 118 quilos, ela recebe orientações de uma nutricionista e uma psicóloga do Hospital de Base Ary Pinheiro há um ano e oito meses.

“Não vejo a hora de fazer a cirurgia”, desabafou, minutos antes da reunião do grupo com a psicóloga do Programa de Cirurgia Bariátrica no HB, Rose Britto.

Até o final de dezembro, 229 pessoas inscreveram-se para cirurgias de perda de peso e redução do estômago. Atualmente, a média brasileira de espera na fila do serviço público de saúde é de pelo menos cinco anos, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) espera baixá-la para três. “No prazo de dois anos essa meta será possível”, anunciou o médico cirurgião bariátrico Oziel de Moura.

Nova licitação na Sesau aumentará de duas para quatro as cirurgias bariátricas semanais no HB. O índice de obesos entre os maiores de idade no País é de quase 18%, o que corresponde a mais de 37 milhões de brasileiros.

O bypass gástrico para emagrecer, conhecido por by-pass em Y de Roux ou cirurgia de Fobi-Capella, é um tipo de cirurgia bariátrica que pode levar à perda de ate 70% do peso inicial.

Elizabete Colombo se confessa ansiosa para reduzir o peso e retomar o trabalho. Emagreceu um pouco no segundo semestre de 2015, mas ganhou peso no Natal e ano novo. “Minha vida é de casa para a rodoviária, e de lá para o hospital aqui em Porto Velho, três vezes por semana, porque depois da endoscopia, o médico descobriu uma bactéria; agora eu aguardo o resultado dos novos exames”.

Reativado em 2014, o programa fez 26 cirurgias em 2015. Em dez anos, de 2005 a 2015, fizera 63. “Mais do que em dez anos”, observou a diretora adjunta do HB, psicóloga Joelma Sampaio do Nascimento.

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Médico cirurgião bariátrico Oziel Moura

Na cirurgia de banda gástrica, nenhuma parte do estômago é removida e o processo digestivo permanece intacto. Ou os grampos e uma banda são utilizados para separar o estômago em duas partes, uma das quais é uma pequena bolsa que pode conter cerca de um grama de alimento.

A comida a partir deste “novo” estômago se esvazia para a parte fechada-off do estômago e, em seguida, retoma o processo digestivo normal.

Ao se alimentar com uma pequena porção de alimento há a sensação de se ter comido um grande volume. Após a cirurgia pode-se comer de tudo em pequenas quantidades, porém, uma “mordida” além do necessário pode causar náuseas, vômitos ou mesmo dor. A perda de peso em um ano varia de 30 a 40% do peso inicial.

“A VIDA MUDA MUITO”

Atualmente, essa cirurgia é a única opção que efetivamente trata a mórbida obesidade em pessoas para as quais não têm sido eficazes medidas mais conservadoras: dieta, exercícios e medicação.

A estudante de contabilidade Lidiane Bernardes Ferreira, 32, mãe de um casal de filhos, chegou a 106 quilos, submeteu-se a todos os exames, faz reeducação alimentar desde 2008 e se sente “preparada”.

“A vida muda muito, eu tenho vontade de fazer mais coisas, entrei na academia [de ginástica] e comprei roupas em conta nas três lojas especializadas em Porto Velho, algo que antes me saía bem mais caro”Fabiane Alencar, estudante.

A estudante de serviço social Fabiane da Silva Alencar, 31, casada, pesava 135 quilos e reduziu-os para 90 após a cirurgia feita em julho de 2015. Elogiou a nutricionista e a equipe multiprofissional que cuidou dela desde o momento da inscrição. “A vida muda muito, eu tenho vontade de fazer mais coisas, entrei na academia [de ginástica] e comprei roupas em conta nas três lojas especializadas em Porto Velho, algo que antes me saía bem mais caro”.

Fabiane teve crise de vesícula e teve que retornar ao hospital para o tratamento, entretanto, não tem mais colesterol, nem índice elevado de glicemia. Consome colágeno [proteína essencial para pele, músculos e cabelos] e faz reposição de vitaminas. Na academia, cuida-se para não comprimir o abdômen. Sonho de consumo? “Roupas bonitas, conclusão do curso e a cirurgia reparadora no tecido dos braços, que sei, ainda demora um pouco”.

Com duração de 18 meses, o período pós-operatório impõe rigoroso acompanhamento psicológico, clínico, cardiológico, endocrinológico, pulmonar, gastroenterológico e anestésico. A pessoa pode retornar ao hospital até o quinto ano, e após isso, a cada dois anos.

“O paciente deve estar consciente da participação em todas as fases da programação”, alertou a enfermeira responsável pelo programa e coordenadora do centro cirúrgico do HB, Gisele de Almeida.

Além do excesso de pele no braço e na coxa, fatores que limitam a movimentação da pessoa, o SUS contempla cirurgias plásticas reparadoras pós-bariátrica: 1) mamoplastia, devido à incapacidade funcional pela ptose mamária, com desequilíbrio da coluna; infecções cutâneas de repetição por excesso de pele; alterações psicopatológicas devido à redução de peso [critério psiquiátrico]; 2) abdominoplastia/torsoplastia, devido à incapacidade funcional pelo abdômen em avental e desequilíbrio da coluna; infecções fúngicas e bacterianas.

GASTROPLASTIA E VIDEOLAPAROSCOPIA

O projeto montado para 48 pacientes previa inicialmente apenas uma cirurgia por semana, por videolaparoscopia. Em 2015 o hospital inteirou 26 cirurgias e da primeira leva faltam agora 22.

Em vias de habilitação no Ministério da Saúde, o HB dispõe atualmente de aparelhos gastroplastia, balança, cadeiras, longarinas, balão, macas, esfigmo adaptado, videolaparoscopia, entre outros, para atendimento a pacientes de Rondônia, Amazonas, Acre e Mato Grosso.

“Antes, o encaminhamento ocorria sem registros, sem indicação, sem tratamento e sem triagem”, revelou a psicóloga Joelma Sampaio do Nascimento.

“A cirurgia é limitada para pacientes sem suporte familiar adequado, ou que tenham transtorno psiquiátrico não controlado, incluindo o uso de álcool ou drogas ilícitas. Se forem controlados, quadros psiquiátricos graves não são contraindicações obrigatórias”.

Ainda conforme Joelma, não podem se submeter a cirurgias pessoas portadoras de doença cardiopulmonar grave e descompensada que influenciem a relação risco-benefício; hipertensão portal, com varizes esofagogástricas; doenças imunológicas ou inflamatórias do trato digestivo superior que causem sangramento ou outras condições de risco; e síndrome de Cushing decorrente de hiperplasia na suprarrenal não tratada e tumores endócrinos.

JOVENS

Antes da recente resolução do Conselho Federal de Medicina, jovens entre 16 e 18 anos podiam fazer a cirurgia caso o risco-benefício fosse bem analisado. Além dessa análise e outras regras anteriores devem ser observadas novas exigências, entre as quais, a presença de um pediatra na equipe, crescimento dos punhos e a consolidação das cartilagens das epífises [parte de um osso longo que se desenvolve por um centro de ossificação diferente do corpo do osso].

O tratamento cirúrgico nos jovens entre 16 e 18 anos deve respeitar os índices de massa corpórea naqueles que apresentarem IMC³50 Kg/m² e IMC³ 40Kg/m², com ou sem comorbidade [associação de pelo menos duas patologias num mesmo paciente] e insucesso no tratamento clínico longitudinal feito na atenção básica e/ou atenção ambulatorial especializada, por no mínimo dois anos.

 

O HB é o responsável pelas cirurgias e a Policlínica Oswaldo Cruz (POC) coordena o Programa de Obesidade, pelo qual a pessoa passa nove meses em tratamento intensivo com a equipe multiprofissional.

A avaliação clínica do jovem necessita constar em prontuário e deve incluir a análise de idade óssea e avaliação criteriosa do risco-benefício, explica a diretora Joelma do Nascimento.

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Gisele de Almeida, coordenadora do centro cirúrgico do HB

Segundo ela, nos adultos com idade acima de 65 anos, a equipe multiprofissional faz avaliação individual, considerando a avaliação do risco-benefício, risco cirúrgico, presença de comorbidade, expectativa de vida e benefícios do emagrecimento.

O fluxograma dos pacientes nessa área inclui dois anos de tratamento clínico na POC. Na sequência, a pessoa é cadastrada no HB e inscrita no programa, após o que aguarda chamado para iniciar o preparo pré-operatório-enfermagem.

Examinam-se a situação psicológica, condições de nutrição e aspectos cardiológicos da pessoa. O próximo passo é a frequência à reunião de grupo visando à mudança de hábitos. Depois, a pessoa estará pronta para o termo de entendimento.

“Mas o paciente e seus responsáveis devem compreender todos os aspectos do tratamento e assumirem o compromisso com o segmento pós-operatório, cujo tempo é determinado pela equipe”, alertou a enfermeira Gisele de Almeida.

O acompanhamento de paciente pré-cirurgia bariátrica por equipe multiprofissional estabelece idade mínima de 16 e máxima de 110 anos, mediante informações do cartão

Fonte
Texto: Montezuma Cruz
Fotos: Esio Mendes e Daiane Mendonça
Secom – Governo de Rondônia

 

 

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