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Após apoio maciço de bolsonaristas, projeto contra união homoafetiva deve ser barrado em comissões comandadas pelo PT

Após apoio maciço de bolsonaristas, projeto contra união homoafetiva deve ser barrado em comissões comandadas pelo PT

Visto como inconstitucional, projeto passou pelo primeiro de três colegiados nesta terça-feira, com 12 votos a favor e cinco contráriosA Comissão de Previdência e Assistência Social da Câmara aprovou nesta terça-feira, por 12 votos a 5, um projeto de lei que proíbe o casamento homoafetivo, contrariando decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de 2011, que reconheceu a união entre casais do mesmo sexo como entidade familiar. A iniciativa, no entanto, não deve conseguir apoio para ir ao plenário da Casa, uma vez que ainda precisa passar pela Comissão de Direitos Humanos e pela Comissão de Constituição e Justiça. Os dois colegiados, além de serem presididos pelo PT, que se posicionou contrário ao texto, não têm a mesma predominância de bolsonaristas, que votaram em peso na de Previdência.
Nesta terça-feira, o partido de Jair Bolsonaro, o PL, contribuiu com sete dos 12 votos favoráveis, seguido pelo Republicanos, com dois. Apesar disso, o próprio presidente da sigla, deputado Marcos Pereira (SP) já afirmou em entrevistas que a iniciativa não tem apoio para passar na Câmara.
Entre os bolsonaristas que votaram a favor do projeto de lei estão Chris Tonietto (PL-RJ), Dr. Jaziel (PL-CE), Priscila Costa (PL-CE), além de Eli Borges (PL-TO), que é líder da bancada evangélica — o voto em pautas de costume é visto como uma sinalização para base mais conservadora. Já os deputados de siglas da base, como PT e PSOL, foram contra, entre eles Erika Hilton (PSOL-SP) e pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ), assim como Erika Kokay (PT-DF) e Tadeu Veneri (PT-PR).Veja também 

 

Para virar lei, o texto precisa, além de passar pelas comissões, serem aprovados pelos plenários da Câmara e Senado. A legislação poderia ainda ser barrada pelo Supremo, já que a Corte se pronunciou sobre o tema ao tratar de questão constitucional, há 12 anos.

— É absolutamente inconstitucional. Esse projeto não tem a menor chance de prevalecer no Supremo. Não é um projeto de lei vocacionado efetivamente em se converter em lei. O Supremo já discutiu esse assunto, já entendeu que a uniões homoafetivas se equiparam às uniões heteroafetivas — afirma Claudio Pereira de Souza Neto, advogado constitucionalista e professor da UFF.

Camilo Onoda Caldas, advogado constitucionalista, também considera o texto “flagrantemente inconstitucional” e ressalta que a medida vai gerar “insegurança jurídica em relação aos direitos da família”.

O projeto original é de autoria do ex-deputado Clodovil Hernandez (PTC-SP) e regulamentava o casamento de pessoas do mesmo sexo, mas o relator, deputado Pastor Eurico (PL-PE), foi na direção contrária. O texto apresentado por ele ontem determina que a Justiça interprete casamento e união estável de forma estrita.

Eurico e o presidente da comissão, Fernando Rodolfo (PP-PE), atuaram para viabilizar a aprovação do relatório, medida que provocou insatisfação entre deputados da base, que repudiaram a votação.

– Esse novo relatório, no qual a palavra “homossexualismo” é usada três vezes, associando-a ao termo “doença”, usado cinco vezes, intensifica ataques contra as pessoas LGBTQIA+. Até os filhos de casais homoafetivos são atacados nesse relatório — disse a deputada Erika Hilton (PSOL-SP).

Na avaliação da ala governista, o presidente da comissão, Fernando Rodolfo, descumpriu acordo feito ao tentar votar o texto antes da criação de um grupo de trabalho sobre o tema. Deputados governistas desejavam que fossem realizadas audiências públicas antes que o relatório fosse votado.

Fonte: O Globo

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