Mais de 50 famílias que moram em Candeias do Jamari, foram atingidas diretamente ou indiretamente pela cheia do rio que marcou 21,54 metros neste final de semana. De acordo com a Defesa Civil Estadual, a cota registrada está 50 centímetros acima da máxima histórica e nos últimos 30 dias o rio subiu 4,5 metros.
Muitos moradores e proprietários de restaurantes e balneários foram pegos de surpresa com o aumento repentino do nível rio. Alguns moradores não conseguiram nem tirar seus móveis a tempo e foram inundados pela água.
É o caso da sitiante Beatriz da Silva Rabelo, que reside às margens do Rio Candeias há dois anos. Ela estava trabalhando e quando chegou à sua residência durante a noite a água já tinha invadido a casa. “Quando eu avistei minha casa invadida pela água eu entrei em desespero porque eu moro só, e sabia que não ia conseguir tirar meus móveis. Para tentar salvar alguns objetos, eu peguei uma canoa do vizinho e fui até minha casa, mas como os móveis são pesados eu tive que deixá-los e levar somente minhas roupas e alguns objetos”, disse a moradora.
Francisca Alves também teve a casa invadida pela água e diz que essa é a primeira vez que o rio chega a esse nível desde que ela passou a morar na região. “Eu cheguei aqui em 2016 e o rio nunca tinha chegado nesse nível. Eu estou na casa de um parente, mas fico vigiando minha casa todos os dias para não ser alvo de furtos, porque alguns criminosos se aproveitam da situação. Eu estou muito triste de ver minha casa inundada, mas tenho fé que o rio vai baixar e a gente vai poder voltar”.
Sem apoio
Uma das primeiras residências tomada pela água foi a do pescador João de Deus, 72 anos. Ele reclama que não está tendo apoio da Prefeitura. “Quando a água começou a se aproximar da minha casa eu fui atrás de ajuda, mas ai mudou a administração e ninguém me ajudou. Para não perder meus móveis, eu pedi ajuda de alguns amigos e consegui fazer minha mudança antes da água invadir minha casa. A Prefeitura não me deu nenhum auxílio depois que sai de casa e isso me revolta porque nas horas que a gente mais precisa ninguém nos ajuda”, reclamou.
Pelo menos oito famílias ficaram desabrigadas e foram levadas para barracas instaladas em pontos altos pela Prefeitura do município na Rua Rio Preto, mas outras ainda preferem continuar no local, mesmo sabendo dos riscos. Muitas estão precisando de lençóis, alimentos e água para beber.
O bairro Satélite foi o mais afetado pela cheia e se o rio continuar subindo o número de famílias pode aumentar já que em algumas localidades a água está prestes a entrar nas residências. Parte da Rua Ulisses Guimarães foi interditada.
Para preparar os alimentos, os moradores se reuniram e improvisaram uma cozinha coberta com lona próximo das barracas.