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Entrada de Cassol na disputa pelo governo agita cenário político e cria incertezas em campanhas

Entrada de Cassol na disputa pelo governo agita cenário político e cria incertezas em campanhas

Contra todos os prognósticos, o italiano conseguiu. Ivo Cassol vai disputar o governo de Rondônia nas eleições de outubro após obter uma liminar concedida por Nunes Marques no Supremo Tribunal Federal. A decisão, provisória, mas que deverá ser mantida pelo Pleno da Corte, não tem data para ser julgada, o que dá uma larga vantagem a Cassol.

O que ele conseguiu foi uma revisão criminal de sua condenação de pouco mais de 4 anos. Ela não tem nenhuma relação com o julgamento que está em andamento, sobre a nova lei de improbidade administrativa que deve ser concluído na próxima semana. A manobra de Ivo foi certeira e no tempo certo.

Semanas atrás aqui no BLOG eu havia dito que a chegada de Ivo iria mudar o cenário eleitoral. E de fato, a notícia da liminar caiu como uma bomba nos comitês eleitorais. E o maior baque foi sentido pela dupla de Marcos, Rogério e Rocha que disputam o eleitorado da direita mais radical, e ambos perdem, feio, para Cassol neste quesito.

Cassol, como bem definiu Confúcio Moura, ‘é um animal político’. Populista, o ex-senador que governou Rondônia por dois mandatos consecutivos incorpora como ninguém o perfil ‘bruto, rústico e sistemático’. Em sua primeira campanha ao governo brigou com o Sintero, enfrentou o Judiciário e quando tomou posse, conseguiu fritar 23 dos 24 deputados estaduais envolvidos em um esquema mafioso e viciado de propinas e desvios de recursos, revelados pela Operação Dominó, que chegou a mandar para a cadeia o então presidente do Tribunal de Justiça de Rondônia à época, além do presidente da Assembleia Legislativa, promotores, procuradores e conselheiro do Tribunal de Contas.

Cassol fez história promovendo um verdadeiro terremoto nas instituições rondonienses. Seu segundo mandato foi marcado pela construção do Palácio Rio Madeira e por conseguir asfaltar praticamente todas as estradas vicinais do Estado.

Evidente que colecionou desafetos, e muitos. Mas elegeu-se senador, sempre de olho em voltar a governar o Estado. Sua condenação, controversa porque foi contratada uma empresa de Rolim de Moura que fez o serviço dentro do preço de mercado, mas com suspeita de direcionamento. Daí a discussão sobre dolo ou não no processo. Cassol sempre alegou inocência, foi condenado e cumpriu a decisão.

Apontado como liderança política ‘imbatível’ nas urnas, Cassol vai dar trabalho. Sua chegada em uma campanha que estava morna, sacode as estruturas e obrigará os comitês a rever estratégias. A chegada de Ivo fortalece sua irmã Jaqueline, que disputa a única vaga ao Senado. Curiosamente, Acir Gurgacz atual ocupante da vaga, também conseguiu liminar no Supremo e deve ir para a reeleição. O problema é que historicamente Cassol sempre levou a melhor sobre Gurgacz.

Ivo enfraquece Marcos Rocha e Marcos Rogério, e deixa Léo Moraes em uma condição ainda mais confortável. Eles já vinham em aliança, e agora pode ser que algumas questões sejam revistas, tanto da parte de Moraes quanto do grupo de Ivo. A conferir nos próximos movimentos.

Alguns dirão, ‘há, mas ele vai sangrando’. Pouco importa. Ivo é uma liderança incontestável, e mesmo ferido, é um adversário difícil de ser batido. O mais importante é que ele tem garra e vontade de voltar a governar, sempre deixou isso claro em conversas e entrevistas. Poucas semanas antes de acabar seu mandato no Senado, em conversa comigo em seu gabinete, Cassol lamentou que estava impossibilitado de disputar eleição, ‘meu maior sonho é voltar a governar meu estado. Não vou mais cometer os mesmos erros e terei uma equipe nova. Rondônia vai voltar a ser gigante’.

De qualquer forma, o italiano ainda deve enfrentar o pedido de registro de candidatura, alguns pedidos de impugnação e muita falácia. Porém, o maior desafio foi superado, o de estar apto, mesmo que por liminar.

Como isso vai se refletir nas urnas? Daqui a 58 dias saberemos.

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