As modalidades de crédito para pessoa física tiveram queda de 13 pontos percentuais na taxa de crescimento na comparação entre março de 2022 com o mesmo período deste ano, saindo de um avanço de 30% para 17%. A conclusão faz parte de um estudo do Instituto Propague em parceria com o Economic Research da Stone, com a análise de 2022 e do primeiro trimestre de 2023. A notícia é de Ana Carolina Diniz na coluna de Miriam Leitão, no Globo.
A explicação é simples: a desaceleração do mercado de crédito para pessoas físicas no Brasil tem relação com o processo de aperto monetário, com a Selic saindo de 2% em março de 2021 para 13,75% ao ano em agosto de 2022 até agora:
– Diversos estudos apontam que a política monetária tende a ter efeitos mais lentos sobre a economia e, por isso, estamos observando seus efeitos de maneira mais clara somente agora, por meio dos dados divulgados do último trimestre de 2022 e do primeiro trimestre de 2023 – analisa o pesquisador econômico e cientista de dados do Instituto Propague, Guilherme Freitas.
O estudo mostra que há nove meses, um pouco mais de 25% de toda a renda das famílias do país é gasta com pagamentos de juros e amortizações de dívidas.
– Mesmo com a redução do crescimento de concessões para pessoas físicas, este patamar de comprometimento da renda das famílias não têm se alterado significativamente, indicando dificuldade das famílias brasileiras em pagar dívidas já existentes, algo que também explica o crescimento recente das linhas ligadas ao endividamento (cartão rotativo e parcelado com juros, renegociação de empréstimos pessoais e cheque especial). Brasileiros com dificuldades em honrar compromissos financeiros acabam recorrendo a linhas de crédito emergenciais que são, consequentemente, mais caras – conta Freitas.
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