“El Pibe de Oro” (Garoto de Ouro), que era engajado nas lutas sociais e próximo a líderes de esquerda como Fidel Castro – Foto: Reprodução
Nesta quinta-feira (25), completa-se 1 ano da morte do maior ídolo do futebol argentino e um dos mais lendários jogadores da história do futebol mundial: Diego Armando Maradona faleceu, com apenas 60 anos, após uma parada cardíaca. A autópsia determinou um “edema agudo de pulmão secundário a uma insuficiência cardíaca crónica reagudizada”.
Semanas antes de falecer, segundo reportagem da CNN, ele havia passado por uma operação para a retirada de um hematoma subdural (um coágulo sanguíneo entre o crânio e o cérebro), mas recebeu alta e passou para internação domiciliar em uma propriedade de um condomínio privado em Tigre, na Grande Buenos Aires, onde morreu.
O Conselho Médico de 22 peritos que investigou as circunstâncias do seu falecimento disse que ele recebeu um atendimento “inadequado, temerário e indiferente”.
No começo do mês, sete pessoas passaram a ser processadas pela morte do ex-jogador: o neurocirurgião Leopoldo Luque, a psiquiatra Agustina Cosachov, o psicólogo Carlos Díaz, o chefe de enfermeiros Mariano Perroni, os enfermeiros Ricardo Almirón e Gisella Madrid, e Nancy Forlini, médica do plano de saúde de Maradona.
Nos processos, por “homicídio simples com dolo eventual” – ou seja, por supostamente saberem que suas ações poderiam resultar na morte do ex-jogador -, eles podem ser sentenciados a penas entre oito a 25 anos de prisão.
Para o Conselho Médico que investigou o caso, o ex-jogador agonizou por 12 horas. Apesar de reconhecer que não é possível afirmar que ele não teria falecido se contasse com uma internação adequada, a equipe também diz que ele poderia ter mais chances de sobreviver se estivesse em uma clínica “recebendo atenção de acordo com as boas práticas médicas”.
Para o conselho, o neurocirurgião e a psiquiatra responsáveis por ele mantiveram “omissões prejudiciais”, e não modificaram o plano de tratamento do ex-jogador, o que representou um “abandono” da saúde do paciente. Luque nega negligência, enquanto o advogado da psiquiatra afirmou à CNN em Espanhol que “do ponto de vista médico, [ela] atuou com seu melhor critério”.
Seriado
O seriado “Maradona, a conquista de um sonho”, lançado no streaming Amazon Prime, relata a trajetória do jogador, desde a sua infância pobre no clube “Cebolitos” ao auge do estrelato, além do envolvimento com a cocaína e engajamento social.
A série, que foi construída com a contribuição de Maradona, conta como a ditadura argentina usou sua imagem para ocultar os assassinatos de civis no país.
Quando foi jogar no Barcelona, Maradona descobriu então, no ano de 1982, as mazelas do regime argentino e passou desde então a ajudar entidades engajadas pelos direitos civis, organizadas por familiares de mortos pela ditadura.
O jogador também denunciou, durante sua trajetória conturbada pelo clube Nápoles, o tratamento xenófobo dado aos moradores do sul da Itália, tratados como cidadãos menores por habitarem uma região mais subdesenvolvida do país
Engajamento
Amigo de líderes políticos como Fidel Castro e Hugo Chávez, Maradona nunca escondeu sua opção pela esquerda. Sua última postagem antes de morrer cobrava a taxação das grandes fortunas. Segundo o ídolo, a medida era fundamental para ajudar a combater a desigualdade social no mundo.
“Eu sei o que é não ter o que comer”, disse o craque na época.
3 DE JULHO