A Operação Presságio da Polícia Civil de Santa Catarina, na última quinta-feira (18), com busca e apreensão de documentos em secretarias da Prefeitura de Florianópolis e na sede da Câmara de Vereadores, pode ter respingado em Rondônia.
O Ecoparque – um aterro sanitário construído pelo Grupo Amazonfort no quilômetro 17 da BR-319, saída para Humaitá, coincidentemente enquanto a Prefeitura de Porto Velho bate cabeça para liberar licenças para iniciar a construção do aterro sanitário público – recebeu aporte de capital de mais de 2 milhões de reais da Orizon Meio Ambiente, uma gigante do setor envolvida em várias denúncias de irregularidades com recursos públicos.
A investigação em Santa Catarina tem como foco suspeitas de corrupção, fraude em licitação, lavagem de dinheiro, entre outros crimes, supostamente cometidos por agentes públicos em parceria com particulares.
A operação resultou na expedição de 24 mandados de busca e apreensão em Florianópolis, Brasília e Porto Velho, com buscas realizadas nas residências e locais de trabalho dos envolvidos.
A apuração teve início em janeiro de 2021, a partir de uma denúncia de poluição ambiental envolvendo uma empresa de coleta de lixo terceirizada. Segundo informações obtidas pela reportagem do www.expressaorondonia.com.br seria a Amazonfort, com sede em Porto Velho, que atuou em Florianópolis por quase dois anos.
Detalhes
A Amazonfort ficou conhecida dos porto-velhenses nos últimos anos por dois motivos: a empresa ganhou de presente da prefeitura todo o lixo que passou a ser mandado para seu aterro sanitário, enquanto o lixão da Vila Princesa foi desativado, deixando centenas de catadores de recicláveis sem perspectiva, após o período que terminar uma bolsa no valor de um salário mínimo pago pelo município. A Amazonfort também ganhou a concessão por 30 anos para administrar o complexo da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, que já está fechado há quase cinco anos.
Há exatamente um ano, em 19 de janeiro do ano passado, este www.expressaorondonia.com.br publicou reportagem sobre a compra pela Orizon Valorização de Resíduos, com sua subsidiária Orizon Meio Ambiente, de 51% do até então desconhecido Centro de Tratamento de Resíduos (CTR), em Porto Velho. (Veja link da reportagem no final desta matéria). A aquisição do centro de tratamento de resíduos marca a entrada da Orizon na região Norte.
Porém, o tal centro não está em pleno funcionamento. Informações de fontes ligadas à prefeitura apontam que o Executivo municipal estaria “doando” todo o lixo produzido na cidade, além de pagar um subsídio de mais de 2 milhões de reais por mês para a própria Amazonfort “cuidar” dos resíduos sólidos.
Suposta estrutura
A Orizon Valorização de Resíduos chegou ao Norte do país para operar o primeiro ecoparque da região, em Porto Velho.
A companhia fez aporte de capital de de cerca de 2,5 milhões de reais na Ecofort, empresa subsidiária do grupo Amazon Fort, adquirindo parte do até então desconhecido aterro sanitário em Porto Velho. para a implementação de uma planta operacional de destinação final, tratamento e valorização de resíduos sólidos urbanos, que funcionará como uma barreira de proteção ao meio ambiente.
A previsão inicial era receber cerca de 1 mil toneladas diárias de resíduos. Além do descarte ambientalmente correto, ao longo dos próximos anos, o ecoparque poderá implantar a exploração de biogás, energia e gás renovável, como o biometano, além da recuperação de recicláveis, geração de créditos de carbono, dentre outras atividades, como já ocorre em outras operações da Orizon.
Porém, o expressaorondonia.com.br esteve no quilômetro 15 na BR-319, do outro lado da ponte do Rio Madeira, local do CTR. Lá encontrou uma estrutura, mas não viu movimentação de caminhões de lixo no local.
Perguntas e respostas
No dia 1 de fevereiro de 2023, o expressaorondonia.com.br perguntou: de onde virá a matéria prima para operacionalização do CTR, já que a Prefeitura de Porto Velho está com processo em andamento para firmar parceria público privada com empresa para recolhimento dos resíduos sólidos e construção do aterro sanitário do município?
A Orizon enviou nota de esclarecimento à época na qual diz que o ‘ecoparque’, eufemismo ao aterro sanitário que está sendo construído no quilômetro 15 da BR-319 como Centro de Tratamento de Resíduos e Ecofort Engenharia Ambiental. Essas empresas são braços do grupo Amazonfort, empresa enredada em denúncias e mais denúncias de agressão ao meio-ambiente, “já possui licença operacional concedida pela Prefeitura”.
Fotos: Anderson Coelho/Arquivo/ND, Cristiano Gomes/NSC TV e Juan Todescatt/NSC TV.